18 maio 2011

Retomando...

Deixando viagens, férias, não-fazer-nenhuns e caminhadas de 8 horas pelas montanhas para trás (que noutro post explicarei, prometo!) chegou o grande dia: amanhã é o meu primeiro exame do semestre. Oral, que é como se quer.

Mais uma vez demonstrando a eficácia italiana (não fosse eu ficar desiludida) a professora da cadeira não me respondeu aos 140 mails que lhe mandei a perguntar qual era o programa para o exame... Portanto não faço ideia do que é que era suposto ter estudado. (Pois, ir às aulas às vezes dá jeito...)

Assim sendo, ontem em desespero de causa fui ver o programa do ano passado. Lá estava um livro que foi a própria professora que escreveu, que eu não acredito que tirem do programa assim dum ano para o outro... Portanto voilà, solução de microondas: hoje acordei cedo e fui para biblioteca estudar esse livro, a ver se amanhã tenho sorte.

(Sorte = o livro ser do programa deste ano, a mulher não me perguntar nada de outros livros, perguntar o que eu estudei no dia de hoje e passar!)

Claro, o mais que pode acontecer é não passar... Mas sempre é melhor que não ir lá e ir só à segunda chamada que é em Junho, porque depois posso ter um azar nesse e ter de voltar a Itália em Julho para a terceira chamada (nãaaaaaaooo, que a 30 Junho já eu quero ter a boca cheia de pastéis de Belém regados a Ucal!)

Ou seja: exame oral em italiano, para o qual estudei um dia... Bambi mode - ON!


22 março 2011

Mexico lindo y querido



Já passou uma semana - o jet lag persiste, as saudades aumentam.

Os mexicanos tocam nas pessoas. Chegamos e eles abraçam-nos, como se fossemos família. Acolhem-nos como se fossemos amigos desde sempre. Talvez por isso as lágrimas nos olhos de todos, nossos e deles, quando partimos três semanas e meia depois.

Não sei escolher palavras para explicar o México. Fico-me por suspiros e sorrisos saudosos e não sei sair disso. Talvez porque não haja palavras. Tão, tão cliché... Eu sei. Mas então nesse caso alguém me explique como é que se traduzem 26 dias, 5 viagens de avião, 3000 kms em viagens de autocarro, 21 cidades/povos, dois oceanos, 8 GB de fotografias e um milhão de histórias para contar num só post. Vá, desafio-vos.


Bom, fica o possível por enquanto: estive dois dias cheia de medo do que me podia acontecer. Depois relaxei e percebi que a Cidade do México não é, como toda a gente diz na Europa, "a cidade mais perigosa do mundo". É grande que se farta, lá isso é verdade - nós chegámos de noite e as luzes que cobriam a cidade iam literalmente até à linha do horizonte. Ah, e o mito do smog também é real - quando fizemos Mérida-DF de avião durante a tarde viu-se bem a capa de poluição que cobre a cidade. Mas mais do que tudo isso sentiu-se a altitude. A brincar, a brincar, os 2200 metros chegaram para me dar tonturas durante umas horas. (Eu sei, sou uma menina.)

Fora isso, não tivemos quaisquer problemas. Até deu para irmos à Guatemala e tudo. (Pronto, foram só 15 minutos, mas foi o suficiente para quase dar um ataque cardíaco a senhora minha mãe.)

Por agora fica a visão geral e uma tentativa frustrada de mostrar as cores do México. Agora tenho outra mala para fazer, que amanhã aterro em Berlim. Há quem diga que eu não tenho sanidade mental. Eu às vezes concordo.
















(à esquerda Guatemala, à direita México)






(sim, isto é um papagaio a comer o pequeno-almoço do Duarte)



(Biblioteca Vasconcelos - é absolutamente impressionante, google it!)


(é muito reconfortante que a polícia use estes blusões...)




16 fevereiro 2011

DF

Olhando para trás, todas as coisas espectacularmente loucas que fiz (umas mais loucas que outras) me mudaram a vida para melhor. E antes de todas elas, sem excepção, senti sempre uma sensação de nervosinho no estômago. Mais do que isso, eventualmente todas elas me fizeram soltar um "Se calhar é melhor não ir..." na véspera do acontecimento.

Junho de 2005, ir não sei quantos dias de férias para um T2 na Ericeira com dez macacos, dos quais conhecia bem apenas um.
Março de 2006, peregrinação a Santiago de Compostela.
Outubro de 2008, largar tudo e ir para Amesterdão duas semanas.
Agosto de 2009, partir um mês em Interrail pela Europa com duas das pessoas que mais amo neste mundo, mas que são também das que têm personalidades mais difíceis de gerir.
Setembro de 2010, deixar Lisboa, família e amigos e ir viver para Itália um ano.
Fevereiro de 2011, partir um mês para o México.

Cidade do México. México DF. Segundo toda a gente com quem falo, a cidade mais perigosa do mundo.

O sentimento "Se calhar não devia ir..." é hoje mais forte do que nunca. O que só pode significar que vai ser a viagem da minha vida :)

Até Março!

15 fevereiro 2011

Cartao Dominó

Estava ontem a estudar na biblioteca, já naquela fase do desespero em que só de olhar para os livros já me parto a rir sozinha, quando caiu em mim uma verdade incontestável: o tempo em que a Blitz ainda era O Blitz era muito mais fácil. Era um tempo de aulas invariavelmente das 8h30 às 13h30, de senhas da cantina e de jogos de futebol no pátio. Era um tempo em que eu já chegava 20 minutos atrasada às aulas, mas em que a culpa ainda era da minha mãe e não minha. Era tempo de dizer "Bom dia stora!" quando entrava na sala, de a atravessar com calma apesar da aula já estar a decorrer, de me ir sentar no meu lugar de sempre, ao lado das pessoas de sempre, com tempo ainda para distribuir um ou dois 'hi fives' a quem me rodeava antes do rabo tocar na cadeira.

Era um tempo em que os professores sabiam os nossos nomes, e em que os números de aluno tinham apenas um digito e nao seis. Um tempo de lugares marcados, de faltas de material e de sacos de educaçao física recheados de sapatilhas e de roupa mal cheirosa. Tempo de me chamarem "ressacada" apenas porque chegava com cara de sono às aulas. Tempo de ler 'O Senhor dos Aneis' pela primeira vez, numa sala onde passava a Rádio Cidade e onde as pessoas jogavam matraquilhos sem garrafas de cerveja nem cinzeiros sujos à vista. Tempo de adorar os dias de reunião de pais por serem os dias em que podíamos ficar todos juntos no recreio até muito perto da hora de fecho da escola. Tempo de viver intensamente a excitação que antecipava uma festa de anos, principalmente quando envolvia dormirmos todos em casa de um de nós. Tempo de jogar ao 'Verdade ou Consequência' com um nervosinho no estômago. Tempo de sair da escola à socapa para fumar os primeiros cigarros. Tempo de comprar a 'Bravo'. Tempo de 'mandar toques' como principal forma de comunicação.

Era um tempo em que ainda se ligava para casa, e em que se passavam duas horas ao telefone com a melhor amiga dia sim dia não. Um tempo de conversas de meninas em que se discutia clandestinamente o que seria afinal um orgasmo. Tempo em que amizade significava trocar as capas coloridas dos Nokia 3310. Tempo em que dar linguados era uma ousadia. Tempo de ter cadernos do Harry Potter. Tempo de ficar duas horas na fila do Garage às 6as feiras à noite, e depois esperar pela boleia dos pais à porta. Tempo em que a palavra 'forever' nao era foleira mas sim essencial.

Tempo de passar bilhetinhos nas aulas (no nosso caso folhas A4 escritas até ao ultimo cm2) e tempo de irmos todos almoçar ao AC Santos e de cada um comprar um pão, uma fatia de queijo e outra de mortadela. Tempo em que loucura era roubar vernizes na loja do chinês. Tempo de comprar exactamente 0.50€ em gomas na Chequiná. Tempo de pedir pensos higiénicos à 'contina', porque nos veio 'a chica' e nao estávamos à espera. Tempo de ter notas de 1 a 5 e de ficar triste quando se recebia um 'Satisfaz'. Tempo de levar recados na caderneta. Tempo de aprender a jogar Copas e de fazer visitas de estudo em que a parte mais fixe era irmos todos juntos na camioneta (quanto mais longe melhor). Tempo de dizer 'buedá fixe' e de escrever com k's. Tempo de sentir o terror de ser a última escolhida para as equipas de futebol nas aulas de Educação Física, mas de pular de contentamento quando alguém informava que "hoje é basquet". Tempo de ouvir Silence 4 nas aulas de EVT.

Tempo em que os pais divorciados eram menos do que os pais casados. Tempo em que sair das aulas às 18h30 era deprimente. Tempo de começar a gostar de andar no Gregoriano. Tempo em que a decisão mais importante que se avizinhava nas nossas vidas era escolher para que área se ia no Secundàrio. Tempo de ler e reler o 'Viagem ao Mundo da Droga'. Tempo de sentir que aqueles só podiam ser os melhores anos das nossas vidas. Tempo de "morrer na praia" com um 49%, tempo de chamar "Vaca Aurora" à prof. de Matemática e de fazer os TPC's de inglês na própria aula. Tempo de sentir que as aulas serviam mais para estarmos juntos do que para outra coisa. Tempo de provas de aferição e de testes psicotécnicos. Tempo de entrar na biblioteca da escola apenas para requisitar livros da colecção 'Uma Aventura'. Tempo de ler 'Calvin' aos sábados de manha.

Era tempo de ler um livro em que um estudante universitário dizia 'Nunca me disseram que para andar na Faculdade era preciso ler tanta coisa!' e pensar que era de certeza um exagero. Tempo de só ter "amigos" e não "colegas". Tempo de ir ao cinema à tarde e em grupo (ao Londres, sempre ao Londres) e tempo de acreditar que o Cinema Alvalade ainda ia acabar de ser construido antes de nós acabarmos o 9° ano. Tempo de viajar no banco de trás do carro e de esperar junto ao rádio para gravar as músicas preferidas numa cassete (músicas que ficavam invariavelmente sem os primeiros 5 ou 6 segundos). Tempo de sonhar alto e sem pressa, por saber que a vida estava aí a caminho. Tempo de fazer amigos que nessa altura ainda não sabíamos que iam ser para a vida. Tempo de não ter liberdade, não ter autonomia, não ter namorado e não ter dinheiro próprio, mas ainda assim ser incontestavelmente feliz.

Tempo de chamar toda a gente por diminutivos. Tempo de ler O Blitz nas aulas com o Rú, o G, a Fifi, o Dé e a Nês. Os tais que afinal foram para a vida.

Quem não andou na Eugénio é um ovo podre.

13 fevereiro 2011

A última semana envolveu:

- acordar novamente às 6h da manhã, esperar 2 horas absolutamente aterrorizadoras para no fim passar com 22/30 no exame oral de Neurocienze feito pelo regente da cadeira (que tem ar de poucos amigos);
- perceber que afinal a pior coisa do mundo não são os minutos antes de entrar em palco para uma audição de violoncelo, mas sim os minutos antes de fazer um exame oral em italiano;
- iniciar a maratona de filmes nomeados para os Óscares deste ano;
- ver (e ficar extremamente desapontada com) o último filme do Woody Allen;
- ter um acidente de bicicleta que me lixou a perna direita, que neste momento me impede de sair de casa por não conseguir descer 5 andares a pé sem ganir de dor mas que me fez ganhar um pouco mais de respeito pelo sistema de saúde italiano;
- perceber que comprar bicicletas roubadas traz mau karma;
- perceber que tenho muita sorte em ter colegas de casa que me trazem a comida à cama;
- tentar mudar o design do blog, o designer de modelos falhar a meio e não conseguir retroceder nem avançar com a mudança (daí o actual aspecto horroroso do cabeçalho);
- compreender (boas) mudanças internas que não faço ideia como é que aconteceram;
- fazer um trabalho em inglês que me valeu a nota de 30/30 na cadeira de Psicologia della gestione delle risorse umane;
- perceber que tenho três exames nos próximos dois dias e que não faço a mais pequena ideia de como é que vou passar no de amanhã;
- perceber que daqui a 5 dias vou para a Cidade do México e que ainda não faço ideia do que é que vou enfiar na mala;
- esperar sinceramente que deixar este continente por 3 semanas e meia signifique deixar tudo o que me chateia também para trás... nem que seja só por esse tempo.

O balanço? É sempre positivo, claro. Mas desconfio que os medicamentos para as dores também ajudam nesse campo.

09 fevereiro 2011

Ultimato #2


É só eu voltar a acordar às 9h da manhã com Kylie Minogue aos berros. Ainda por cima posso sempre alegar insanidade temporária, como o Renato Seabra. Vai ser uma limpeza.

07 fevereiro 2011

Pergunta técnica #2

Porque é que "Olá, linda!" me dá pequenos vómitos mas "Ciao, bella!" soa bonito de mais para ser para mim?

06 fevereiro 2011

Lisboa


Porquê? Porque sim. Porque o amor profundo, irracional e incondicional que tenho por esta cidade é das poucas certezas que tenho na vida. Porque se não fosse esta não era mais nada. Porque me basta chegar para ter a certeza, e porque me basta ir para ter ainda mais certeza.

Para acalmar os bitaites: não é mania de Erasmus - é ideia fixa de há muito. E se algum dia me fartar, basta-me não olhar para ela (tarefa que me exige dois espelhos e alguma paciência). E mesmo que um dia me passe esta paixão assolapada -o que eu duvido- nunca vai deixar de fazer sentido, porque vai ser sempre a cidade onde eu nasci.

Não tatuei o símbolo de Lisboa porque queria fazer uma tatuagem - fiz uma tatuagem porque queria o símbolo de Lisboa. É tão simples quanto isso. E pode ser o que cada um de vocês estiver a pensar: pode ser feia (não é), pode ser redundante (também não), pode ser inútil porque não se vê a menos que tenha o cabelo apanhado (era mesmo esse o objectivo)... Para mim, é tudo de mim num só símbolo. E é quanto basta.

É uma daquelas coisas que não se consegue explicar. É um bocado como ser do Benfica: não se sabe o  porquê, não se explica, não se vê - sente-se. Sente-se ao fim da tarde no Cais das Colunas. Sente-se num orgulho inexplicável nas Festas de Lisboa. Sente-se nas lágrimas de emoção ao sobrevoar Lisboa num voo de regresso a casa. Sente-se ao olhar para um mapa e perceber que cada bocadinho desta cidade tem uma história, uma recordação, uma parte de mim. (Lisboa é o meu horcrux! ahah)

Tinha esta ideia há muito tempo. Fiz sondagens, investiguei partes do corpo, investiguei lojas onde fazer (aproveito para fazer publicidade indecente ao local onde acabei por fazer, eles são impecáveis e hiper higiénicos), esperei e esperei a ver se a ideia me passava. Não só não passou, como a vontade foi crescendo à medida que o tempo passava. Dei a mim própria até ao Natal passado - se a ideia continuasse fixa, fazia. Tremi que nem varas verdes até ao segundo antes de entrar na loja; pensei e repensei vezes sem conta nos prós e nos contras. Mas no momento em que vi o esboço na minha pele percebi que é isto. É tão isto.

Não há muito tempo o Duarte disse-me o seguinte:

« Não sei se para ti tem o mesmo significado, mas eis o que eu acho da tua tatuagem: Tu não serias tu se não fosses Lisboeta. O facto de seres sofisticada e teres uma mentalidade aberta também advém do facto de, como eu, teres crescido numa cidade "grande". De provinciana não tens nada. Ainda bem, não gosto de mentes pequenininhas e limitadas ao que conhecem. A oportunidade de estudar música, que te trouxe tanta sensibilidade, inteligência, beleza e conhecimento não está disponível em qualquer lado, muitos menos no nível em que é feito no Gregoriano. Numa aldeiazinha não terias tido acesso a isto. Lisboa é grande quando comparada com as restantes cidades portuguesas, mas se for comparada às capitais do mundo não é assim tão grande. Ser de Lisboa fez de ti também muito portuguesa, com aquele sentido crítico aguçado, com o gosto pelo cortar na casaca, sempre com peso e medida claro. Ser lisboeta é dar um salto à Caparica sempre que o sol raia, e portanto amar praia, mar e sol. É também querer conhecer diferente (por ser por vezes monótona), mas amar o tradicional (nada como a luz desta cidade num fim de tarde visto a partir de uma das Colinas). Por isso é que não me faz confusão que tenhas tatuado Lisboa na tua nuca, porque no fundo, tatuaste-te a ti própria em ti própria, um símbolo que te resume, com o bom e o mau, e isso faz todo o sentido. »

Obrigada Duarte, era mesmo isto. E, já agora, isto:

Pergunta técnica

Porque é que "Gosto muito de ti!" soa foleiro mas "Gosto muito de ti, pá!" já é socialmente aceitável?

02 fevereiro 2011

Death and all his friends

Não acredito que esta música está no meu iPod há quase 3 anos e que só hoje é que a ouvi com atenção. Realmente há músicas que às vezes ainda não se está preparado para ouvir. E depois, quando se passa a estar, elas lá arranjam maneira de passar no sítio certo, à hora certa.

Quem diz que os Coldplay são "uns nhónhós" e "uma seca" ou nunca ouviu com atenção ou só conhece a "Yellow". E o que eu odeio pessoas que falam do que não sabem, senhores.

29 janeiro 2011

Para que é que te foste enfiar em Itália - parte II

Ora bem: como eu até já sei do que é que a casa gasta, e porque mais vale prevenir do que remediar, e antes um pássaro na mão do que dois a voar, e... mais nenhum, anyone?... enviei no dia 12 de Janeiro um e-mail ao meu professor de Neuroscienze a confirmar que o exame era dia 29 de Janeiro às 8h30. Nem sequer barafustei com o facto do exame ser a um SÁBADO às 8H30 DA MATINA; simplesmente queria confirmar que estava tudo certinho para não haver hipóteses de falha desta vez. Escrevi "esami ERASMUS" no assunto, e no corpo do e-mail salientei que era uma "studentessa ERASMUS", assim com os maiúsculas todas a que tinha direito - e o senhor respondeu-me que sim senhor, negócio fechado, sábado dia 29 às 8h30 na morada tal. Ora a morada tal é longepaburro (outra zona aqui de Turim) por isso na noite anterior abstive-me de 'salir de fiesta', apesar de ser a festa de anos de um dos meus espanhóis, para dormir um número de horas minimamente aceitável e fazer o exame com cara de gente viva (que ele há noites que nem o corrector de olheiras apaga). Assim sendo, nessa manhã o meu despertador tocou às 6h.

Vou-vos dar um momento para absorverem esta informação.

Sim, às 6h da manhã. Sim, à hora a que devia estar a chegar a casa, não a acordar. Na noite anterior tinha visto o caminho no Google Maps, mas ainda assim achei melhor dar-lhe meia hora de margem de manobra, não fosse o diabo tecê-las.

Eu já devia saber. Aliás, eu até já sei. Claro que o eléctrico me deixou a aproximadamente 27 kms da paragem onde eu teoricamente tinha de sair. (Fiquei sem perceber se por falha minha, se por alteração temporária no trajecto - uma moda que eles adoptam muito aqui por estes lados.) Assim sendo, tive de andar a correr desenfreada por uma zona de Turim onde nunca tinha estado, de paragem de autocarro em paragem de autocarro para me certificar de que estava no sentido certo, até finalmente chegar à morada tal, com o relógio ali a dar as 8h32. Uffff.

Entrei, sentei-me. O professor fez a chamada dos aproximadamente 250 alunos que iam fazer exame (sempre a chamar os apelidos - e juro que só houve dois que se repetiram) e começou a distribuir os exames. Escritos. "Maaaau. Então não era oral?" Fui falar com o professor.
- "Ah, és Erasmus? Então só precisas de fazer o exame oral." Fica a olhar para mim com ar de parvo, com aquele meio sorriso de quem acha que já despachou o assunto e está à espera que o interlocutor vire as costas.
- "Que é quando?..."
- "5ª feira."
- [sorriso extremamente amarelo da minha parte] "Onde?"
- "Aqui!"
- [começo a rosnar] "A que hoooras?"
- "Às 8h30."

Acorda uma pessoa às 6h da manhã para isto?

Lá saí do edifício e comecei a caminhar, desta vez sem pressa. Eram 9h da manhã e a cidade estava calma, por isso resolvi ir a pé uma parte do caminho. Mas quando estava a chegar ao Parque Valentino (o parque da cidade que fica junto ao rio) olhei para a direita e ia tendo uma apoplexia. Pareceu-me ver um palácio, daqueles à antiga, estilo Versailles. Atravessei para o passeio do lado do rio, e assim que passei as primeiras árvores do parque, deu-se um daqueles momentos em que as estrelas se alinham no céu e em que por dois segundos deixa de haver mal no mundo, os anjos descem do céu a tocar harpas douradas e o mundo é um lugar cheio de arco-íris. O único carro que passava naquele momento na rua parou no semáforo e portanto fez-se momentaneamente silêncio, para que eu pudesse ouvir os passarinhos nas árvores e dar de caras com isto:





 Que, já agora, do rio se vê assim:




Wow. Right?! O Castello del Valentino, senhoras e senhores. Ao que parece actualmente ocupado pela Faculdade de Arquitectura de Turim. Eu também me habilitava a passar não sei quantas noites em branco a montar uma maquete, se fosse para ter aulas neste edifício.

E assim quase que valeu a pena levantar-me antes do sol. Quase, quase, quase. Faltou-lhe um bocadinho assim.

Porque... pronto, é isto.

É bem feita, que é para não te lembrares de ir fazer O ERASMUS para Itália

Tive no dia 24 o meu primeiro exame do ano aqui em Itália. Era às 9h30, mas como eu vivo longecomócaraças (é uma zona aqui de Turim) pus o despertador para as 6h50, para ter tempo de fazer tudo com calma e ainda rever as cenas antes de entrar.

A cena é que esta cadeira foi criada assim um bocado à socapa (para não dizer ilegalmente) para os alunos Erasmus - é em inglês e serve basicamente para dar trabalho ao prof. americano que aqui veio bater com os costados, e para não dar trabalho à prof. que nos devia estar a dar aulas. Para nós é fixe porque é só metade do semestre (foram ao total 6 aulas, uma por semana) e porque podemos substituí-la por qualquer uma das cadeiras em que estivermos inscritos a que não nos apetecer ir ou que nos der mais jeito em termos de créditos. Do género: imaginem que me faltavam 12 créditos para acabar a licenciatura - punha o nome de uma cadeira qualquer que valesse isso no meu plano de estudos, mas depois em vez de ir às aulas dessa cadeira ia a estas 6 aulas da trampa. Perceberam? É preciso um desenho? Não? Bom.

A desvantagem desta gandulice é que a cadeira, sendo ilegal, não consta em nada do que é lista - portanto eu não fazia puto de ideia onde raio era o exame. Dado que nenhum dos professores da cadeira me respondia aos e-mails, cheguei à faculdade meia hora mais cedo para ver se encontrava alguém que me pudesse ajudar. Nicles. Népia. Nem um sinal de vida. Perguntei ao porteiro - ele nem sabia quem era o professor.

"Ai o camandro..."

Percorri o edifício de cima a baixo, perguntei a toda a gente que encontrei. Nada. Vi e revi os mails - nicles. Quando chegou ali à barreira das 9h45, desisti e fui beber um café ao bar.
"Nada como um cappuccino para levantar os ânimos...", pensei eu. Qual quê? PIOR CAPPUCCINO DA HISTÓRIA DOS CAPPUCCINOS. Umas natas nojentas a boiar, aargh...
"Bom, ao menos o rapazinho na mesa ao lado da minha é giro - isso pelo menos não pode correr mal!", voltei a pensar para comigo própria. Say whaaat? O rapaz não só se levantou 2 segundos depois de eu me ter sentado, como quando voltou trazia pela mão o namorado. Jesus, piedade.

Enfim... Enfiei-me na biblioteca a estudar para o exame que tinha no dia seguinte, e a meio da tarde resolvi ver os e-mails outra vez: tinha um da professora assistente da cadeira a dizer: "Ah e tal cenas [nem "peço desculpa por não te ter respondido" nem nada], se quiseres aparece no meu gabinete às 17h que eu faço-te o exame."

Olho para o relógio. Que horas são?

17h20.

AAAAAHHHHHH!! Correr a arrumar tudo, chegar ao edifício do gabinete dela, bater à porta, perguntar à mulher que estava lá dentro onde é que estava a outra... professora. "Ah, saiu por um momento, espera aí fora."

Aparentemente um momento em Itália são 50 minutos. E quando finalmente a professora chegou e eu já estava psicologicamente preparada para um exame oral e para a eventualidade de ter de lhe dar a volta com a minha argumentação infalível, para que não se percebesse que não fui às aulas e que só estudei um dia antes do exame, ela passa-me uma folha para a mão: "São 30 perguntas de escolha múltipla, tens 15 minutos, podes começar."

"Ai o camandro..." - take 2.

Lá fiz o exame em 10 minutos (embalada pelo barulho das teclas super irritantes do computador dela) e entreguei-lhe as folhas para as mãos.

Aproveito para relembrar que as notas em Itália são de 0 a 30, não de 0 a 20 como na nossa terra, e que o mínimo necessário para passar é 18. Pois se o meu exame tinha 30 perguntas, ora isso dividido por 30 valores, ora... bom... sete vezes três vinte e um, noves fora nada... hmmm... bom, é uma questão de fazer as contas.

A professora começa a ler as perguntas. Na primeira página não assinala nada, e essa eu tinha a certeza que tinha toda bem, portanto lá me acalmei um bocado. Vira a página, e começa a fazer setinhas nas respostas. "Ok, ela está só a assinalar as erradas, deixa cá contar assim de surra mas sem olhar que é para não dar ar de quem está muito ansioso..." Uma setinha, duas setinhas, três setinhas...

"Ai o camandro..." - take 3

Terceira página. O exame tinha quatro páginas. Sete setinhas, oito setinhas... "Merda, devia ter estudado aqueles slides que passei à frente ontem à noite!"

Última página.

"Só posso errar 12, só posso errar 12..." Nove setinhas... "LARGA A MERDA DA CANETA, JÁ TÁ BOM, NÃO MEXE!!"

Silêncio. "Oi? Já parou?" [olhar de esgelha como quem não quer a coisa]

10 setinhas. "D'OH!!"

Mais silêncio. Desta vez mais prolongado. Encho-me de coragem e olho para ela. Está a sorrir. "Congratulations, you passed the exam."

TOMAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!


One down, five to go.

28 janeiro 2011

Flush

Se há coisa que me irrita mais do que pessoas que levam meia hora a brincar com a comida no prato antes de a levarem efectivamente à boca (e o que me irrita isso, senhores...!) são autoclismos automáticos.

Não sei quem foi o senhor que inventou os autoclismos automáticos, mas seguramente nunca teve de utilizar nenhum. Senão teria rapidamente chegado à conclusão de que eles se activam quando uma pessoa entra no cubículo, que se tem de esperar uma média de 27 minutos até que a água pare de salpicar por todos os lados antes de se fazer seja o que for, e que quando finalmente se quer sair dali, aquela trampa não dispara nem que a pessoa dance a macarena.

25 janeiro 2011

O Alberto Caeiro enganou-se

O que incomoda como andar à chuva não é pensar, mas sim ler a Teoria da Sexualidade Infantil de Freud.

[arrepio na espinha]

E fazem a malta estudar isto. Não admira que os psicólogos sejam todos loucos da cabeça - devem ser só mentes traumatizadas e com Freud recalcado por essas faculdades fora.

24 janeiro 2011

Para celebrar o facto deste blog ter chegado ontem às 5555 visitas...


...ou então porque a alternativa a isto é eu ir estudar Psicologia della Comunicazione, vou então presentear-vos com os meus 5 Top 5. Vá, não fechem já a janela, que deste post incrivelmente inútil até pode sair algo de interessante para vocês. (Ou então não, sei lá eu.)

(Aviso já que os itens que constam nos Tops não têm qualquer tipo de hierarquia, que é para não ferir susceptibilidades. Como se alguém se importasse com o que eu gosto ou deixo de gostar.)


  Top 5 de coisas absolutamente idiotas que não sabiam sobre mim:

- tenho fobia a abelhas, não suporto sequer olhar para batatas greladas, e entro em parafuso se dou por mim sozinha no mar e não consigo ver-lhe o fundo;
- a primeira coisa que quis ser em pequena foi noiva. Depois mais tarde achei que se fechasse os olhos com muita muita muita força um dia ia conseguir transformar-me na Pocahontas. Ainda estou à espera.
- a minha cor preferida é o amarelo, e odeio roxo (é cor de morto);
- tenho a mesma reacção emocional para tudo: quando estou irritada, feliz, emocionada, triste, frustrada, seja o que for, tenho o instinto automático de começar a chorar. É um dom que deuznossenhor me deu. Excepção apenas para quando estou nervosa, em que começo a rir que nem uma louca. (Extremamente útil em funerais.)
- quando tinha 7 anos fundei com uma amiga uma banda chamada 'Abandapanhousoleficoulouca'. Ainda sei de cor os nossos dois primeiros singles.


Top 5 de filmes que posso rever 17 vezes na mesma semana sem me fartar:

- 'Pulp Fiction' de Quentin Tarantino;
- a trilogia 'The Lord of the Rings' de Peter Jackson (sim, só conta como um, não me chateiem);
- 'Trainspotting' de Danny Boyle;
- 'Moulin Rouge!' de Baz Luhrmann;
- 'The Hours' de Stephen Daldry.



Top 5 de guilty-pleasures:

- comer chocolate em pó às colheradas;
- ler revistas de merda (tipo Lux ou Maxmen) nas salas de espera dos consultórios;
- ver e rever episódios de 'Friends' como se não houvesse amanhã;
- deitar-me no chão a brincar com os meus priminhos e divertir-me mais do que eles;
- ver o 'Say Yes to the Dress' (eu sei, sou extremamente triste. Mas posso sempre justificar-me com um trauma de infância devido ao segundo item do primeiro Top lá de cima).


Top 5 de grupos musicais mais tocados no meu iPod:

- Coldplay;
- Nirvana;
- Xutos & Pontapés (cuidado, este vídeo pode chocar algumas pessoas mais sensíveis por aparecer o Tim há coisa de 20 anos e 30 kgs atrás);
- Cake;
- Deolinda.


Top 5 de obras de música erudita que me arrepiam completamente:

- 'Quadros de uma exposição' de Mussorgsky;
- 'La Bohème' de Puccini;
- 5ª Sinfonia de Mendelssohn;
- Concerto para violino de Tchaikovsky;
- 'Hymn to Saint Cecilia' de Britten.

(já sei que ninguém vai ouvir nada do que para aqui está, mas façam um favor a vocês próprios e oiçam só o último... É curtinho, tem a letra e tudo, o poema está em inglês e é absolutamente de morrer, e a música de Britten... enfim, dispensa comentários!)

10 janeiro 2011

Screw you, Google Analytics!

Hoje o Google Analytics disse-me que o meu blog já teve 15 visitas de pessoas que estavam no México. Mas não daquelas visitas acidentais, visitas que duram em média mais de um minuto. E perante estes factos só pude pensar "Uaaau, alguém no México gosta do meu blog...!" e ali durante 7 segundos senti-me mesmo importante.

Depois lembrei-me que um dos meus melhores amigos está a fazer Erasmus no México, e a minha vida deixou de ter tanta piada.

09 janeiro 2011

E, de repente, há esperança no mundo





É claro que isto é só o início, mas qualquer andamento serve. Não há dia que corra mal que não melhore com os "Quadros de uma Exposição" de Mussorgsky.

08 janeiro 2011

Alguém me dê a eutanásia, por favor

Partir pedra. Estudar em italiano é como partir pedra. Eu achava que estudar certas matérias era impossível, mas depois de não sei quantas horas a debater-me com o rei dos textos aborrecidos em italiano, uma obra sobre gestão de empresas ("mas tu não estavas em psicologia?", perguntou-me a minha mãe quando lhe disse isto. Pois, isso pensava eu.) qualquer livro de Froid em português me parece um livro do Noddy.

PS - Sim, FREUD está propositadamente mal escrito. Cambada de ignorantes que não compreendem ironias.

04 janeiro 2011

Oito um barra dois, já quase ali a atirar para as dez e um quarto

Dado que se estão a aproximar os exames orais que vou ter de fazer EM ITALIANO, e dado que passei 95% do meu Erasmus até agora a falar ESPANHOL, hoje fui ao clube de vídeo tentar alugar um filme do Fellini (sim, eu sou uma dessas pessoas que ainda vai a clubes de vídeo). Porquê Fellini? Porque um) salvo excertos acho que nunca tinha visto nenhum filme dele; dois) diz que são clássicos e must-see obrigatórios; três) assim sempre se junta a fome à vontade de comer e se ouve alguém a falar italiano, que mal não há de fazer.

Entrei pois pela loja dentro, envergando o meu ar mais confiante. Tentando evitar o habitual caos temático que são as prateleiras dos clubes de vídeo, fui directa ao assunto (achava eu) e abordei a senhora que estava ao balcão. A senhora, que entretanto devo acrescentar que tinha ar de exercer a ocupação de pseudo-satânica na Serra de Sintra às folgas e fins de semana, estava vidrada num filme que passava na televisão ali instalada, e deixou que passassem uns bons 20 segundos até que fizesse o obséquio de me dirigir o seu olhar. Quando finalmente consegui captar a sua atenção, achei que o melhor a fazer era ser o mais rápida possível antes que dispersasse outra vez - que longe de mim querer incomodar alguém que trabalha, vade retro. Seguiu-se então o diálogo:

eu - "Desculpe, boa tarde. Têm aqui algum filme do Fellini?"

senhora - "Quem?"

eu - "Do Fellini, o realizador. Têm aqui disponível para aluguer algum filme dele?"

senhora - (ar de enfado vezes 30) "Deixe ver..." (intercalar espreitadelas de meio minuto ao filme que estava a ver, enquanto pressiona o teclado do computador a uma média de 2 teclas por minuto) "Fellini?"

eu - "Sim, Fellini."

senhora - "É realizador?"

eu - (um pouco incrédula) "Pois..."

senhora - (mais uma espreitadela, este filme é mesmo bom) "É este? Fre... Frederico..."

eu - (algo bruscamente) "FEDERICO Fellini, é esse mesmo. Tem aqui algum filme dele?"

senhora - "Tenho aqui um... (a ler do ecrã) Fellini Roma. Depois tenho mais. Fellini a dolce vida... Fellini amaar... Amarc..."

eu - (já visivelmente irritada) "Amarcord. Mas só tem esses?"

senhora - "Tenho aqui outro... Fellini oito... depois um um, uma barra e um dois."

eu - (a engasgar-me) "Perdão?"

senhora - (com o sorriso de satisfação de quem já decifrou o problema) "Oito um barra dois, é isso. É este que quer levar?"



Resultado: acabei por vir para casa com o A DOLCE VIDA, o OITO UM BARRA DOIS, e uma questão existencial - se uma pessoa não percebe nada de cinema, porque raio é que se candidata para trabalhar num clube de vídeo?

02 janeiro 2011

(no fundo, acho que em 2011 quero ser tão feliz como a Faye Dunaway e o Warren Beatty no poster italiano do 'Bonnie and Clyde')


Quero que em 2011 as minhas acções não tenham consequências. Quero poder ser egoísta, egocêntrica, narcisista, quero agir inconsciente e inconsequentemente, sem ter de me preocupar por o que digo ou faço poder despertar opiniões, julgamentos ou -vade retro- emoções negativas em terceiros. Quero falar fluentemente italiano. Quero um corpete. Quero ser capaz de embrulhar alguns assuntos de vez e -perdoem-me a assonância intencional- ser finalmente plenamente feliz. Quero fazer um cartão de crédito para deixar de estar dependente da minha mãe em certas coisas. Quero emagrecer sem dificuldade. Quero não olhar mais para trás e perguntar "E se...?". Quero comprar mais roupa original. Quero ir aos saldos. Quero ter uma época de exames produtiva e que me deixe com aquela sensação quentinha de dever cumprido. Quero ter o ego sempre em altas. Quero voltar a sentir vontade espontânea de fazer exercício. Quero um casaco vermelho. Quero conhecer ainda mais pessoas, ainda mais interessantes. Quero que a tatuagem não me doa nada nada nada. Quero encontrar umas lentes de contacto que não me provoquem dores de cabeça ao fim de algumas horas. Quero ser mais eu, só eu. Quero fazer o check-up dermatologista-ginecologista-oftalmologista antes de me ir embora. Quero dar amanhã um mergulho no mar, sem hesitações e sem tremer de frio. Quero a minha franja de 2008 de volta. Quero ir ao México e passar os primeiros 20 minutos abraçada à pessoa que foi o meu único desejo para o meu 21º aniversário. Quero voltar a velejar. Quero um vestido comprido. Quero voltar a encontrar um livro que me arrebate e me inspire. Quero não ter medo - quero não ter medo de não saber agarrar as minhas pessoas, quero que elas me sejam eternas; quero deixar de tentar adivinhar outra tragédia familiar na voz da minha mãe de cada vez que ela me telefona, e quero não sentir arrepios quando o Canito começa a ladrar para o vazio ao mesmo tempo que lhe treme o corpo todo e que bate com a pata na porta do meu quarto. Quero aprender a estar ainda melhor sozinha. Quero ser fotografada pel' O Alfaiate Lisboeta. Quero não ter medo de voltar a pegar no violoncelo. Quero abraçar mais vezes as pessoas que encaixam mesmo. Quero finalmente encontrar uma edição em dvd do 'Once and Again'. Quero mais momentos com a família que não é de sangue, com direito a palminhas no genérico e crepes com chocolate quente às 5h da manhã. Quero que parem de me perguntar "Para quê?". Quero que as coisas boas sejam incontestáveis. Quero menos finais e mais introduções, daquelas tão bonitas que só podem levar-nos a um final feliz que no entanto ainda não se adivinha. Para 2011 não quero reticências, quero dois pontos verticais. Assim :