31 maio 2012

Não escrevo nada há milénios porque estou em modo exames. Mas há sempre tempo para modo


Porque durante muitos anos me desviaram de Lisboa nestas datas, porque em 2009 finalmente percebi o que era Lisboa em Junho, porque o ano passado não estive cá com muita pena minha... Este ano é a valer. De alma e coração, com mais entusiasmo do que nunca. E começa hoje. Programação por dia/local aqui.

09 maio 2012

Sabes que estás a ficar velho quando...

...chegas à Feira do Livro e vais directo à zona lá de baixo, onde estão as barraquinhas dos livros técnicos/académicos, em vez de ires direito aos Uma Aventura e aos Bolinha.

16 abril 2012

Domingo

Parte boa de levar o violoncelo para o almoço de família: os meus priminhos ficaram histéricos e não descansaram enquanto não tocaram nas cordas todas, em cada fiozinho do arco e enquanto não me encheram as calças pretas de resina. Denoto ali grandes talentos musicais.

Parte má de levar o violoncelo para o almoço de família: "Toca aquela do 'ai se eu te pego'!"

14 abril 2012

Oh, honey...

Esta semana participei como cobaia no projecto de tese de mestrado duma miúda lá do ISPA. Envolveu encherem-me a cabeça e o peito de eléctrodos, fazerem-me um electrocardiograma e um electroencefalograma, e ainda tive de contar para trás, de 7 em 7, a partir de 15864. Peanuts.

Mas giro giro foi quando ela me disse: "Agora tente passar 5 minutos em repouso, sem pensar em absolutamente nada."

Ah ah.

5 minutos sem pensar em nada? Tão ingénua, que querida.

30 março 2012

Vou só ali à minha segunda cidade preferida da Europa.


5 ou 6 dias, mais coisa menos coisa. Até porque faz agora precisamente um ano que lá estive. Sou tão coisinha com datas, eu.

28 março 2012

0-1

Ouvir 50.000 pessoas aos berros é sempre impressionante. Mas impressionante impressionante é estar num Estádio com 50.000 pessoas e fazer-se silêncio total porque a equipa contrária marcou golo.

[pós-derrota, a lavar as mãos na casa de banho do Estádio. Para a amiga, em tom normal: "Bolas, esta água está mesmo gelada." Para a torneira, agora aos berros: "Não te chega já o balde de água fria que levei ali fora?!"]

26 março 2012

Não sei escrever engasgada.

Tanto medo, uma raiva miudinha, e tristeza, imensas saudades, o enjoo, demasiado chocolate, e italiano, na cabeça e na televisão, mais saudades, e um rastozinho de inveja inconfessável, e tanto medo, tanto tudo mas basicamente tanto medo, principalmente de nunca mais voltar a ser normal. Sinto falta do calmamente, do "cansada, calma e feliz". Um bocado farta, devo confessar, das cambalhotas, e apesar de "ser normal não ter piada", quero um dia de férias, por favor. Cansaço, íssimo íssimo, Álvaro, íssimo. Um bocado farta, repito. E o aperto na garganta? Não vai dar. Pois... Isto assim não vai dar.



(Mas pronto, pelo menos o Porto empatou.)

21 março 2012

Poesia

Admito que este post foi motivado pelo facto de hoje ser Dia Mundial da Poesia. Não que eu tenha por hábito celebrar o Dia Mundial da Poesia -na realidade nem sequer sabia que se celebrava tal coisa- mas pelos vistos tenho amigos (facebookianos, claro) bastante exaustivos nessa matéria.

Confesso que odeio que me enviem vídeos. Não tenho pachorra, não vejo, não abro sequer, quero lá saber de gatinhos fofinhos ou de bebés engraçados ou de paisagens incríveis não sei de onde. Não tenho tempo nem paciência. E por isso peço desde já desculpa pelo parágrafo que se segue, mas penso que desta vez o meu ódio por vídeos terá de ser suplantado pela minha certeza de que este é um caso de serviço público.

Eu explico o conceito: duas irmãs portuguesas, a São e a Linda, emigrantes em Toronto, Canadá, que se juntaram e fizeram uma banda, que baptizaram -para bem da minha alma- de "Duo São Lindas". Já até aqui, tão bom.

E depois vem o single: "Poesia". Não sei se é da letra (profunda, profunda), dos visuais John-Lennon-meets-the-80's, da coreografia de ir às lágrimas, das bailarinas (atentem na loira, está SEMPRE descoordenada) ou da iluminação e actores de nível de filme porno série Z, mas este é dos poucos que peço que vejam. A sério. Por favor.

Senhoras e senhoras, o Duo São Lindas.

Pronto, chegou o dia.

Eu sabia que este dia ia chegar, mas nunca pensei que fosse ser tão óbvio. Que me afectasse tanto. Que me deixasse assim, à beira do desespero, com ainda tanto por fazer mas com tão pouca esperança na vida que ainda me resta.

Aquele bocado de cabelo que me raparam quando fui operada à cabeça em Novembro já cresceu, e cresceu o suficiente para agora ser um tufozinho de cabelo com vida própria, pequeno o suficiente para ser absolutamente ridículo, grande o suficiente para ficar ali espetado à vista de toda a gente quando faço um rabo de cavalo.

Porquê, senhor? Porquê? Devo eu passar por estes martírios para alcançar o reino da salvação eterna?

Oh, caraças.

15 março 2012

Muito certo ou muito errado

Aquele momento em que os teus amigos Erasmus te dizem que te vêm visitar, e a primeira coisa que fazes é verificar se há jogos do Benfica nessas datas.

13 março 2012

E só porque este é o post nº 100...

(...ou então porque é uma completa coincidência...)

...normalmente as pessoas perguntam coisas do género "Onde é que te imaginas daqui a 5 anos?" ou "Daqui a 10 anos onde é que queres estar?". No outro dia sugeriram-me a cena ao contrário: "Há 5 anos atrás como é que imaginavas que ias estar agora?" - o que, como todas as coisas que são feitas ao contrário, é muito mais divertido.

Onde é que eu estava há 5 anos atrás? Ui. A acabar o 12º ano. Sem dramas, sem loucuras, sem (muitas) dúvidas, modo tranquilo-meu-puto-sabes-tão-bem.

5 anos depois estou num sítio (pessoal e emocionalmente falando) muito diferente daquele em que achava que ia estar. Mas isso é bom! E nunca pensei. Nunca pensei mesmo. Hoje em dia -e já depois de muitas voltas- o objectivo tem sido acordar a cada dia e poder dizer "Se morrer hoje morro orgulhosa do que lutei por alcançar, e não fica nada por dizer que podia ter sido dito nem nada por fazer que podia ter sido feito". Agora modo all in. E so far, so good. E isso é bom. :)



[Eu sei, é um post extremamente homossexual. Mas pensem lá onde é que se viam há 5 anos e digam-me qualquer coisa, para eu ver se tenho razão.

Bitch please.

Eu tenho sempre razão.]

06 março 2012

Acho que vou deixar de ter amigos

a partir do momento em que agora sempre que me perguntam "Então, que tal o dia hoje?" eu só posso responder coisas do género "Foi fixe, hoje em laboratório abrimos um peixe ao meio enquanto ele ainda estava vivo, vimos o coração dele a bater, e enquanto ele se esvaía em sangue enfiámos-lhe uma agulha na aorta e injectámos um líquido que vai tornar o cérebro menos gelatinoso, para que o possamos cortar às fatias. Mas isso das fatias é só para a semana, que hoje já não tivemos tempo."

01 março 2012

You Can't Win, Charlie Brown

Ainda agora vamos em Março e este já é um forte concorrente ao título de melhor concerto do ano.


















Absolutamente incrível o que estas seis criaturas conseguiram fazer no São Jorge, empoleirados em cima de seis blocos coloridos e rodeados de instrumentos (uns mais esquisitos que outros). E portugueses, que ainda dá mais gozo!

Não comecem a ouvir, não, que não é preciso.

28 fevereiro 2012

uma Barca e dois Corvos

18h52, já sei que ainda assim no meu relógio, o meu relógio está sempre adiantado, a tentar compensar eu estar sempre atrasada, nem sempre funciona, mas está adiantado, neste caso acho que são 9 minutos, não tenho bem a certeza mas acho que são 9, nem 5 nem 10, como dizia a outra, nem 27 nem 19, acrescento eu, são 9, mas para aqui não importa, eram 18h52, bem sei que no meu relógio, mas pronto, 18h52 e não se fala mais nisso.

18h52, e sabias que as luzes da cidade se acendem todas ao mesmo tempo? Já vivo aqui há tantos anos, 22, 21 se contares o ano fora, e já agora desconta também os outros em que vivi mas não tinha consciência do que era uma cidade, ou uma luz sequer, que pronto, uma pessoa é precoce mas não dá para tudo. Eram 18h52 e eu pestanejei, pestanejo imensas vezes, "acontece-me imensas vezes", mas desta vez foi diferente, olhei para a ponte, pestanejei, voltei a olhar para a ponte e estava tudo diferente, montes de luzinhas, pontinhos de luz sobre a ponte, tipo um daqueles frisos que fazíamos nos cadernos do 4º ano. E olho em volta e o arco da Rua Augusta (que eu nunca percebi porque é que não é avenida, a minha rua é muito mais pequena e é avenida) o arco da Rua Augusta, dizia, está agora iluminado contra o roxo deste lado do céu, e giro mais o pescoço e o Castelo também brilha, e agora que reparo nisso o amarelo dos antigos ministérios está ainda mais amarelo, e apercebo-me de que o Cristo Rei é agora uma torre de luz contra o cor-de-rosa do céu, e o céu é o único sítio onde o cor-de-rosa não é foleiro.

Levanto-me para me ir embora, tentar ir embora, é mais isso, não consigo ir sem lançar um último olhar às colunas, a imponência, senhores, a grandeza, e não sei porquê, isto é tão estúpido, "se é o que sente não é estúpido", os psicólogos estão tão bem ensinados, não sei porquê passo por elas e dá-me a sensação que me devia benzer, que estupidez, eu que faço questão de não me benzer nem numa igreja, por respeito ao que sei que significa para quem coiso, mas desta vez vai-se a ver e deu-me para isto, se calhar é por serem as portas de tudo, se calhar é por já sentir ao longe o ar do mar (e agora ia escrever 'mar' e juro que me saiu 'amor', isto ele há coisas) mas olho para as colunas e sinto que devo baixar a cabeça em sinal de respeito, pelo menos isso, qualquer coisa, não sei, surge a urgência de homenagear o que para mim é o tal de sagrado, porque só o sagrado é que faz isto às pessoas, não é?

Já fui tantas coisas aqui, isto faz-me lembrar a primeira vez que entrei na Basílica de São Pedro, desatei num pranto e não conseguia parar, aquilo era tudo demasiado grandioso para me caber, então chorava, chorava, chorava, a ver se abria espaço cá dentro para caber tanta beleza, chorei durante séculos, nunca mais saía dali, mas tem graça, acho que nunca coube. E agora percebo que é sempre assim, venho aqui desde sempre e é sempre assim, esta urgência de homenagear, esta sensação de que é o mínimo que posso fazer, um aceno de cabeça, uma bênção interior, um "obrigadinha por tudo", e acabo por me aperceber, a sorrir, de que foi assim, foi por isto mesmo que decidi que o mínimo que podia fazer, ou então o máximo, ainda estou para perceber, era uma barca e dois corvos, na nuca, tudo bem, ou noutro sítio qualquer.

E é sempre esta sensação neste sítio, esta urgência de homenagem e a urgência de escrever mais rápido do que aquilo que as mãos acompanham, sempre o rabo já dorido de estar sentado há demasiado tempo na pedra dura, sempre as mãos demasiado geladas para manterem uma caligrafia perceptível, sempre o frio a entrar pelas frinchas do casaco (os casacos também têm frinchas, ou são só as janelas?), sempre as lágrimas nos olhos, do vento frio e do overwhelming, continuo sem tradução para esta palavra, talvez lhe possa chamar Lisboa que é mais rápido. E sempre You Can't Win, Charlie Brown a baterem-me palminhas aos ouvidos, e o cérebro num misto entre papa emocional e a calma que só se tem quando se sabe que se vive na cidade mais perfeita que existe, e o cérebro a debitar coisas que as mãos já não conseguem escrever, e não faz mal, vamos andando, último sorriso em direcção ao rio, piscar de olho em direcção ao Castelo, que amanhã por esta hora as luzes da cidade acendem todas ao mesmo tempo outra vez.

Óscares, ou outra noite qualquer

Sabes que tens os melhores amigos do mundo quando eles:

. entram pela tua casa adentro com comida debaixo do braço, começam a cozinhar sem pedir licença, e fazem jantar a mais a contar com o teu almoço do dia seguinte;
. assumem que vão dormir em tua casa, sem sequer perguntar;
. te trazem uma mala cheia de chocolates, batatas fritas, cachorros quentes e pipocas porque sabem que é esse o ritual;
. não te acordam quando saem de manhã porque sabem que só tens aulas à noite;
. ocupam o teu sofá sem qualquer tipo de cerimónia;
. não te deixam dormir a queixar-se que comeram demais.


E sabes que gostas mesmo mesmo deles, quando:

. a tua preocupação quando eles adormecem no sofá é tapar-lhes os pés com uma mantinha;
. percebes que só faz sentido ver os Óscares em directo há 10 anos porque é com eles.

26 fevereiro 2012

Juro que isto acabou de me acontecer.

Estava eu sozinha em casa, refastelada no sofá, a ver um qualquer programa culturalmente interessante (*cof*TLC*cof*) quando toca o telefone de casa.


Levanto o rabo do sofá e vou até ao telefone, resmungando entredentes a pensar quem raio é que me estaria a ligar para casa àquelas horas.

"217... Espera lá... Eu conheço este número. Este... Este é o MEU número."

Pausa.

"Este é o meu número DE CASA."











THE CALL IS COMING FROM INSIDE THE HOUSE.































Mas não, era só a minha mãe a estrear a nova aplicação que lhe permite usar o número de casa a partir do iPhone .

23 fevereiro 2012

*#%$&/=?

Estou há 7 horas com um torcicolo tão grande, que estou a considerar seriamente a hipótese de não ir às aulas hoje, não só pela dor que me faz grunhir de raiva por não me conseguir mexer, mas pelo perigo que neste momento represento se estiver ao volante de um carro.

É muito ridículo aparecer na faculdade com uma daquelas almofadas de caroços de cereja que se aquecem no microondas enrolada à volta do pescoço? É que é capaz de não fazer pandã com o material de laboratório.

19 fevereiro 2012

Também gosto muito de ti, mãe.

Mãe: "Ah e tal, quando fomos ao sítio tal, lalala..."
Eu: "Sim, isso foi em 2009."
Mãe: "Mas como é que tu sabes sempre as datas assim de repente?!?"
Eu: "Sei lá, mãe, lembro-me."
Mãe: "Ai... Tu és esquisita!"

17 fevereiro 2012

Chapulines

Dado que faz hoje um ano que cheguei ao México, faz sentido que tenha sido hoje o dia em que provei um gafanhoto frito pela primeira vez. Estou do lado errado do mundo, mas ainda assim.

Este post vai ser extremamente mediano para qualquer biólogo que ande por aí.

Ou mesmo para qualquer pessoa que tenha estado em Ciências no Secundário, na realidade. No entanto, como eu sou uma pobre criatura de Humanidades, a minha vida atingiu um novo nível hoje. Porque o segundo semestre do 1º ano do meu mestrado acabou de se tornar mesmo, mesmo interessante.

Tivemos hoje a primeira aula de Técnicas Laboratoriais em Psicobiologia, e apesar de algumas pessoas serem da opinião de que "as primeiras aulas de laboratório são sempre uma seca", eu nunca tinha estado mais do que 5 minutos num laboratório, portanto estava em modo criancinha-na-véspera-de-Natal.

Explicaram-me a parte teórica, passaram-me uma pipeta para as mãos, deixaram-me ligeiramente nervosa com as regras de segurança, e deixaram-me brincar um bocado. Mas mais do que isso deixaram-me consciente da responsabilidade que vamos ter ao longo das próximas semanas, dado que vamos estudar a actividade cerebral em peixes que NÓS vamos manipular.

Mas a primeira aula é sempre teórica, não é? Até ao momento em que dou por mim em frente a um aquário com um único peixe, a ver 2 gramas de anestésico serem despejadas lá para dentro. E depois, não sei como, dou por mim em frente a um microscópio, luvas calçadas, bisturi numa mão, pinça na outra, peixinho (já morto) no tabuleiro por baixo do microscópio, com a prof ao meu lado a dizer "vá, agora fazes uma incisão aqui, cortas o músculo com um golpe profundo e removes os pedaços de crânio, com cuidado para não danificar o cérebro". Ou qualquer coisa desse género, porque a única coisa que conseguia ouvir era o meu coração a bater-me nos ouvidos. Está bem que o peixinho já está morto, mas basta um movimento em falso e esta investigação vai toda com o camandro, para não falar da péssima impressão com que me ia carimbar imediatamente.

Ignorando a rápida imagem mental do meu pai a arranjar o peixe para o jantar, lá uso o bisturi para (tentar) expor o cérebro. Prof: "Isto tem de ser rápido, quanto mais tempo demorarmos mais rapidamente o cérebro se começa a desfazer". Não, na boa, sem pressão. Do nada deixo de sentir a mão esquerda, e de repente oiço um estrondo metálico. Olho para baixo e vejo a pinça no tabuleiro. A prof rosna: "Temos de ter muito cuidado com o material, basta isto cair verticalmente e acabou-se." Bacano. Enquanto começo a pensar se não teria sido melhor fazer um mestrado em corte-e-costura, lá pego na pinça outra vez, encosto os olhos à lupa do microscópio e tento coordenar os movimentos, sem olhar directamente para as mãos ou para o tabuleiro. O que parece meio metro de distância à lupa é para aí meio milímetro na realidade, mas dado que temos de ver tudo através do microscópio não podemos olhar directamente para o que estamos a fazer, o que torna a coordenação motora -matéria na qual já normalmente sou grande profissional, diga-se de passagem- um desafio interessante.

Prof: "Pronto, o cérebro assim já está exposto, agora usa a pinça para puxar o telencéfalo, e corta-o na base com o bisturi." Olho através da lupa. Gosma cinzenta all over. É suposto eu saber distinguir qual destas pseudo-bolinhas é que é o telencéfalo? Pensamento: "Isto com as corzinhas e as legendas dos slides era bem mais fácil...". Respiro fundo. Tento agarrar a pseudo-bolinha que teoricamente correspondia ao telencéfalo com a pinça. A bolinha escorrega. Tento agarrá-la outra vez. A p*** escorrega outra vez. Juro que consigo ouvir a sua vozinha a rir-se para mim enquanto mostra os dentes todos e diz "problem?". Agarro-a com todas as forças que o indicador e o polegar oponível me permitem, com a certeza absoluta que aquela merda vai explodir e espirrar matéria cinzenta por todo o lado. Ela aguenta. Uso o bisturi para a separar do resto do cérebro. Ela aguenta-se. YEY! Abro um dos tubos previamente identificados para o efeito, atiro a bolinha para dentro da solução, fecho o tubo, enfio-o numa taça cheia de gelo e levanto-me da cadeira a cantar interiormente a 'We Are The Champions'.

Eu sei, eu sei, sou uma criança e isto não é nada. Mas foi a minha primeira aula em laboratório. Nunca tinha sequer visto um cérebro animal, quanto mais manuseá-lo com material "cirúrgico" e microscópios xpto e compostos com nome esquisito. Deixem-me lá sentir-me um bocado Derek Shepherd, vá, só desta vez.

12 fevereiro 2012

The Iron Lady

Não vou aqui discutir o filme, não vou aproveitar este post para recomendar os cinemas do Campo Pequeno, nem sequer vou entrar pelo tema do stand de gomas que existe ao lado das bilheteiras... (hmmm, gomas!)

No entanto adorava que me explicassem, isso sim, que raio de moda é essa agora de baterem palmas no cinema no final de um filme. Acharam que os actores foram fascinantes e por isso mereciam o miminho, pensavam que se estava a passar tudo em directo tipo reality-show-TVI, ou simplesmente confundiram-se ao entrar na sala e pensavam que estavam a testemunhar uma aterragem no aeroporto do Funchal?

10 fevereiro 2012

o-que-é-que-você-me-foi-fazer-ao-cabelo-mulher

Sempre ouvi dizer (na realidade disseram-me na semana passada, mas ainda assim) que há 3 pessoas com quem uma mulher nunca deveria ser vaga naquilo que diz: com a sua melhor amiga, com o seu ginecologista e com a sua cabeleireira.

Claramente devia ter prestado mais atenção à terceira parte. Aparentemente não é assim tão óbvio que o meu objectivo para 2012 não era parecer um cogumelo com braços e pernas.

04 fevereiro 2012

Que deus tenha piedade da minha alma

Tenho a casa toda a cheirar a pipocas queimadas. Tenho de abrir as janelas... Vai ter que ser.

Estão 4ºC lá fora, e ainda só são 20h10.

Abrir as janelas todas, enrolar-me numa manta e rezar pelo melhor? Ou ignorar o cheiro e esperar pelos primeiros raios de sol de amanhã para proceder à situação?

A vida é feita de escolhas difíceis.

02 fevereiro 2012

Estou a exactamente a 24 horas da liberdade.

Vão ser 9 dias de férias, a começar amanhã exactamente às 22h30.

Mas para lá chegar terei de passar primeiro pelas (aprox.) 22 horas de trabalho árduo e estudo intenso que se impõem entre nós. Qual príncipe encantado num cavalo branco a atravessar o bosque mágico e a matar o dragão para resgatar a princesa. Só que em mais fixe, porque a princesa neste caso são as férias. E eu sou o príncipe encantado...?! Ok, se calhar preciso de melhorar as minhas metáforas. Mas pronto, posso fazer isso nas férias.

Portanto vá, pessoal, tudo a fazer um forcing nos pensamentos positivos na direcção do Campo Pequeno antes do xixi-cama de hoje à noite!

29 janeiro 2012

Hoje confirmei que realmente qualquer coisa pode parecer espectacular, se for dita no tom certo.

Porque senhora minha mãe, preocupada (mais preocupada do que eu) por saber que tenho exame amanhã, disse-me há bocado, em tom mega-entusiasta-quase-a-falar-com-uma-criança-de-5-anos: "Já acabámos de jantar e ainda são 21h15! Isso quer dizer que ainda temos mais de uma hora até começar o episódio de 'Downton Abbey' [que é a nossa série-fetiche do momento]... Vamos levantar a mesa rápido, e assim ainda temos mais de uma hora para trabalhar antes de vermos a série, boa?!?"

E a criança de 5 anos que trago dentro de mim foi extremamente rápida a dizer: "boa!!!" em voz alta, até que a pseudo-adulta de 22 anos que de vez em quando também pára por aqui perceber que esse plano implica que eu estude Neurociências com o estômago cheio de bacalhau cozido e vinho tinto. E nesse caso passo, obrigadinha.

28 janeiro 2012

Teve de ser.

Voltei.

Teve de ser.

Não porque ano novo, vida nova, mas porque há coisas que são grandes demais para ficarem só minhas, apesar de ninguém ter (ou querer ter) nada a ver com isso.

Deixou de ser um blog de Erasmus, porque eu já não sou Erasmus. Segui em frente (teve de ser) e o blog também. E por isso não vou retomar. Não vou recomeçar de onde parei. Há 8 meses pelo meio, e 8 meses é muita coisa. Vou, isso sim, contando o que fizer sentido, se fizer sentido e se houver paciência (porque toda a gente sabe que a paciência é sempre um factor determinante).

Pelo meio mudámos de ano (mudámos de muita coisa, mas parece que também de ano). E se no ano passado quis felicidade, este ano vou lutar por ter Excelência.

Excelência académica, mais que tudo, que já era tempo (so far, so good). Mas excelência implica também escolher tomar decisões das quais me orgulho. Mesmo que custem. E isso inclui -decidi eu- não me contentar com menos do que o melhor daquilo que sinto que mereço.

Ter a inteligência para perceber que se queres muito uma coisa, lutas por ela, e se não queres, então não lutas (que também é muito válido) mas também não refilas.

No fundo, escolher tomar decisões das quais me orgulho. Não por serem as mais certas, as mais fáceis, as mais naturais, as que doem menos, as mais acessíveis, as mais brilhantes aos olhos de toda a gente, mas sim por serem aquelas que me deixam com aquela calma que só vem com a sensação de dever cumprido. A consciência tranquila de quem deu tudo, e está bem com isso.

Decisões concretas, nas quais depois no entanto se evita pensar concretamente, porque doem e nos estragam o dia e nos fazem riscar o papel de raiva que já não nos lembrávamos que tínhamos e que nos fazem aperceber que ainda bem que tomámos as decisões certas porque afinal o assunto está menos bem disfarçado do que parecia.

Por isso 2012, I'm doing it right - apesar de irritar e de doer e de me fazer amuar e de às vezes (quando não se pode ignorar mais, porque às vezes tem de ser) me provocar umas raivas momentâneas que me fazem escrevinhar o papel com uma caligrafia desgovernada que nem sei de onde saiu e que usa abreviaturas que normalmente não me permito e que ocupa uma linha inteira com apenas 5 palavras.

E assim a consciência de que porra, sou tão feliz, sou tão feliz apesar de às vezes ser tão irritante, sou tão feliz porque tenho a consciência de que fiz a escolha certa, apesar de ser a que dói como nada e que me fez arriscar tudo.

Decidi que 2012 vai ser metáfora para poker, e que eu fiz -e escolho continuar a fazer, todos os dias- ALL IN.

Teve de ser. E já não era sem tempo.