10 novembro 2010

Pequeno esclarecimento à navegação

Tenho recebido alguns e-mails/comentários em que os remetentes se revelam preocupados com o meu bem-estar psicológico em terras de Berlusconi. Que é como quem diz: há várias pessoas que concluíram, através do que escrevo aqui, que estou mais mal do que bem. Pois passo a explicar:

Eu estou ÓPTIMA. Não, não estou a fazer-me de forte mas secretamente a chorar por dentro. Estou mesmo bem. Como podia não estar? Senão vejamos:

. Estou desde o primeiro dia (vá, desde o segundo) integrada num grupo de Erasmus completamente louco de tão diverso, mas sem o qual eu já não podia passar e que é a minha família aqui;

. Vivo no que é talvez o equivalente (em termos de população e de comércio) à Almirante Reis em Lisboa, mas a 20 minutos de tram do centro. Claro que isso tem as suas desvantagens (do género ter demasiadas desculpas para não ir às aulas de manhã) mas pelo menos pago menos renda do que em qualquer outra casa que tenha visto, e vivo com três espanhóis que não podiam ser mais fofinhos - o que se reflecte no ambiente cá de casa, que já agora também não podia ser melhor;

. Estou a viver sozinha e a tratar das minhas coisas pela primeira vez na minha vida (pelos menos em full-time). Cozinho o que quero e quando quero, durmo quando e onde quero, faço o que me apetece sem ter de dar satisfações a ninguém a não ser a minha consciência. (Sim, mãe, a minha consciência manda-me fazer pelo menos algumas cadeiras, não te preocupes!) ;

. Estou mais magra sem fazer qualquer tipo de esforço; pareço aquelas mulheres que passam três anos a tentar engravidar, e que quando finalmente param de tentar de repente dão por elas a ter de comprar roupinhas de bebé. (Desconfio que os 5 andares sem elevador ajudaram neste campo.)


Claro que há momentos maus. Claro que há dias em que não quero sair da cama a não ser para apanhar um avião para Lisboa, ver o Tejo, beber uma Sagres e deitar-me no colo das minhas pessoas. Mas toda a gente tem dias assim, faz parte de ser Erasmus e chama-se saudades. (E é saudável e tudo, segundo os manuais de Psicologia que eu devia estar a estudar em vez de estar aqui a escrever.)

Mas o melhor de tudo é que esses momentos passam num instante... Porque aqui também tenho pessoas que começam a ser minhas. Porque esta é a cidade onde nasceu o chocolate. Porque todos os dias descubro algo novo. Porque o centro histórico me faz sorrir. Porque há sempre uma festa, um jantar ou um convívio onde ir, um filme para ver (seguramente dobrado numa qualquer língua esquisita que não o português), uma troca de ideias para fazer, uma lição de português para dar, uma lição de italiano para receber, histórias para contar ou viagens para combinar.

Porque há sempre, sempre alguma coisa que fazer aqui. Nem que seja não fazer nada... Só porque se pode.

Só porque se é ERASMUS.

5 comentários:

  1. só descobriste agora, porque és completamente idiota!!!!! =D
    Eu vou passando muito por aqui!!!!

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  2. Podia fazer copy paste ao que escreveste, mas aqui nao nasceu o chocolate. Mas ha organistas giras :P

    Camandro e comblé, pah! Um bj aí para a Italia (parece que fica ali como quem vai para Entrecampos :P)

    Mega

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  3. Que mentira! O chocolate nasceu nas vaquinhas roxas e brancas nos Alpes suíços que têm Milka escrito na pança!! Ou foi na Bélgica? Não, os americanos inventaram tudo né? Ah, não existiam nessa altura... Não, espera, foi no anúncio da chocapic!!!!!!!!!
    Também não? (triste)
    Então se calhar foi inventado como quem vai ali para a feira da ladra, do lado esquerdo.
    Já agora, pequenas correcções:
    importas-te de dizer eléctrico e não tram? não nos devemos render a estrangeirismos quando a nossa língua é (de facto) a mais bem concebida em toda a europa;
    os 5 andares sem elevador ajudaram-te simplesmente a tonificar: os grandes glúteos, semitendinosos, recto abdominal, quadríceps, vastos externos e internos, perónios, tibiais anteriores, soleares, bíceps femorais, semimembranosos, gémeos e tendões de aquiles;
    as legendas só fazem bem mas não traduzem "fuck you" ou "son of a bitch";
    já punhas uma tradução de saudade para os teus amigos estrangeiros - sim, só em português é que existe essa palavra, intraduzível.
    De resto...acho muito bem que cozinhes sozinha e aprendas que o dia fica mais curto quando estamos por conta própria (a não ser que cozinhes caril de frango para o jantar e aí sim, fica MESMO muito curto!).
    Aproveita porque o tempo não volta para trás, já dizia o outro! Ah, aproveito para te dar uma notícia horrível (se é que ainda não sabes): morreu o senhor do adeus... Triste!

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  4. pois aqui vai um comentário de uma visita tua que neste momento está em turim , num atrio de hotel, a gastar a meia hora de internet gratis que lhe dão ( pffffff... estes italianos são mesmo uns atrasados, "dar " meia hora de internet e "guardar" o resto para eles como se fosse um grande tesouro, será que eles não sabem que é grátis ?? ou será que aqui não há nada grátis ??)
    mas voltando ao tema, fico muito contente por saber que estás a gostar tanto! amanhã quando te vir entre as centenas de maratonistas aqui de torino, talvez lá para os lados do Corso Garibaldi, ou lá o que é, vou dar-te um grande beijinho!!
    B.

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  5. os mayas ja conheciam e comiam chocolate...toma toma toma!
    (apesar de a palavra chocolate derivar do Nahuatl, a lingua dos aztecas que na verdade se chamavam mexicas....anyone wanna play trivial??)

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