Apercebi-me de que não
pego na pen drive há meses – talvez a última vez que a tenha usado tenha sido
para ir imprimir a minha Tese de Mestrado.
Tenho de esvaziar isto,
preciso de espaço para os novos slides do novo mestrado.
(Atravesso a rua e olho
para a direita, obediente aos sinais escritos no chão ao longo das passadeiras.
No meio dos monhés e do cheiro a caril que me rodeia vejo o Gherkin lá ao fundo, a impor-se da City, a lembrar-me que agora vivo em Londres. Em Londres,
car&%$#. Em Londres.)
Vou apagando as pastas da
pen, a pensar se precisarei desta informação mais tarde.
‘Tese’ – já acabei a Tese. Tive 18. Posso
apagar.
‘Estágio’ – já acabei o
Estágio. Tive 18. Posso apagar.
‘Candidaturas PhD’ – já acabaram.
Entrei em St Andrews. Já não quero fazer PhD em St Andrews, escolhi outra coisa.
Posso apagar.
Apercebo-me do que acabei
de dizer para mim mesma e durante 30 segundos fico espantada. Pergunto-me como
raio é que consegui safar-me tão bem neste último ano e meio, quando muito do
que sentia era insegurança e medo do futuro. E durante
30 segundos fico incrivelmente orgulhosa de mim própria.
Mas depois lembro-me que
hoje um dos Professores do Departamento de Neurociências Cognitivas da UCL, o
departamento onde estou, ganhou o Prémio Nobel da Medicina.
Ganhou o Prémio Nobel.
Hoje.
Nova pasta: ‘UCL –
MSc in Neuroscience 2014/2015’.
De volta ao trabalho.