07 outubro 2014

Para começar:

Apercebi-me de que não pego na pen drive há meses – talvez a última vez que a tenha usado tenha sido para ir imprimir a minha Tese de Mestrado.

Tenho de esvaziar isto, preciso de espaço para os novos slides do novo mestrado.

(Atravesso a rua e olho para a direita, obediente aos sinais escritos no chão ao longo das passadeiras. No meio dos monhés e do cheiro a caril que me rodeia vejo o Gherkin lá ao fundo, a impor-se da City, a lembrar-me que agora vivo em Londres. Em Londres, car&%$#. Em Londres.)

Vou apagando as pastas da pen, a pensar se precisarei desta informação mais tarde.

‘Tese’ – já acabei a Tese. Tive 18. Posso apagar.

‘Estágio’ – já acabei o Estágio. Tive 18. Posso apagar.

‘Candidaturas PhD’ – já acabaram. Entrei em St Andrews. Já não quero fazer PhD em St Andrews, escolhi outra coisa. Posso apagar.

Apercebo-me do que acabei de dizer para mim mesma e durante 30 segundos fico espantada. Pergunto-me como raio é que consegui safar-me tão bem neste último ano e meio, quando muito do que sentia era insegurança e medo do futuro. E durante 30 segundos fico incrivelmente orgulhosa de mim própria.

Mas depois lembro-me que hoje um dos Professores do Departamento de Neurociências Cognitivas da UCL, o departamento onde estou, ganhou o Prémio Nobel da Medicina.

Ganhou o Prémio Nobel.
Hoje.

Nova pasta: ‘UCL – MSc in Neuroscience 2014/2015’.


De volta ao trabalho.