29 janeiro 2012

Hoje confirmei que realmente qualquer coisa pode parecer espectacular, se for dita no tom certo.

Porque senhora minha mãe, preocupada (mais preocupada do que eu) por saber que tenho exame amanhã, disse-me há bocado, em tom mega-entusiasta-quase-a-falar-com-uma-criança-de-5-anos: "Já acabámos de jantar e ainda são 21h15! Isso quer dizer que ainda temos mais de uma hora até começar o episódio de 'Downton Abbey' [que é a nossa série-fetiche do momento]... Vamos levantar a mesa rápido, e assim ainda temos mais de uma hora para trabalhar antes de vermos a série, boa?!?"

E a criança de 5 anos que trago dentro de mim foi extremamente rápida a dizer: "boa!!!" em voz alta, até que a pseudo-adulta de 22 anos que de vez em quando também pára por aqui perceber que esse plano implica que eu estude Neurociências com o estômago cheio de bacalhau cozido e vinho tinto. E nesse caso passo, obrigadinha.

28 janeiro 2012

Teve de ser.

Voltei.

Teve de ser.

Não porque ano novo, vida nova, mas porque há coisas que são grandes demais para ficarem só minhas, apesar de ninguém ter (ou querer ter) nada a ver com isso.

Deixou de ser um blog de Erasmus, porque eu já não sou Erasmus. Segui em frente (teve de ser) e o blog também. E por isso não vou retomar. Não vou recomeçar de onde parei. Há 8 meses pelo meio, e 8 meses é muita coisa. Vou, isso sim, contando o que fizer sentido, se fizer sentido e se houver paciência (porque toda a gente sabe que a paciência é sempre um factor determinante).

Pelo meio mudámos de ano (mudámos de muita coisa, mas parece que também de ano). E se no ano passado quis felicidade, este ano vou lutar por ter Excelência.

Excelência académica, mais que tudo, que já era tempo (so far, so good). Mas excelência implica também escolher tomar decisões das quais me orgulho. Mesmo que custem. E isso inclui -decidi eu- não me contentar com menos do que o melhor daquilo que sinto que mereço.

Ter a inteligência para perceber que se queres muito uma coisa, lutas por ela, e se não queres, então não lutas (que também é muito válido) mas também não refilas.

No fundo, escolher tomar decisões das quais me orgulho. Não por serem as mais certas, as mais fáceis, as mais naturais, as que doem menos, as mais acessíveis, as mais brilhantes aos olhos de toda a gente, mas sim por serem aquelas que me deixam com aquela calma que só vem com a sensação de dever cumprido. A consciência tranquila de quem deu tudo, e está bem com isso.

Decisões concretas, nas quais depois no entanto se evita pensar concretamente, porque doem e nos estragam o dia e nos fazem riscar o papel de raiva que já não nos lembrávamos que tínhamos e que nos fazem aperceber que ainda bem que tomámos as decisões certas porque afinal o assunto está menos bem disfarçado do que parecia.

Por isso 2012, I'm doing it right - apesar de irritar e de doer e de me fazer amuar e de às vezes (quando não se pode ignorar mais, porque às vezes tem de ser) me provocar umas raivas momentâneas que me fazem escrevinhar o papel com uma caligrafia desgovernada que nem sei de onde saiu e que usa abreviaturas que normalmente não me permito e que ocupa uma linha inteira com apenas 5 palavras.

E assim a consciência de que porra, sou tão feliz, sou tão feliz apesar de às vezes ser tão irritante, sou tão feliz porque tenho a consciência de que fiz a escolha certa, apesar de ser a que dói como nada e que me fez arriscar tudo.

Decidi que 2012 vai ser metáfora para poker, e que eu fiz -e escolho continuar a fazer, todos os dias- ALL IN.

Teve de ser. E já não era sem tempo.