30 novembro 2010

Um Domingo Qualquer

9h30 da manhã, domingo. Acordo com alguém aos pulos em cima da minha cama. Ora, eu não me lembro de ter um filho de 6 anos, assim de repente. Nem me lembro do calendário ter saltado um mês e de já ser Natal.

Não, não era um puto de 6 anos nem era Natal. Era só um espanhol de 26 anos aos pulos em cima da minha cama e a gritar: "Esta nevando! Esta nevando!"

Lá me levantei, a grande custo. (Domingo. 9h30 da manhã, volto a repetir). Mas quando me aproximei da janela escapou-se-me um "aaaww" e soube imediatamente que tinha valido a pena sair do conforto dos lençóis. O espectáculo era tipo 'noite-de-natal-em-filme-americano'. 




Claro, o nosso bairro é feio que dói, e das nossas traseiras então nem se fala... Mas caramba, com tudo branquinho quase que podia mesmo ser o tal filme americano. Só nos falta a árvore de natal. E as luzes. E as prendas. E as pessoas forradas de dinheiro. Mas estamos mesmo quase, quase lá.

28 novembro 2010

Duas semanas, por favor.


(sim, esta foto é da minha autoria, e sim, a aula estava a ser realmente secante. 

e sim, eu vou às aulas. 

algumas.)

26 novembro 2010

21 a 26

Daqui a um mês faço 21 anos (eu sei, eu sei, sou uma criança). E para além de depois desse dia já poder voltar a Nova Iorque para me vingar do barman que há coisa de 2 anos me recusou uma cerveja (hmpf), para mim peço apenas isto:



e



A primeira já cá canta, dia 10 do próximo mês respiro fundo.

Quanto a realizar o incrível sonho da segunda, quem quiser contribuir -sei lá, porque se sente culpado por nunca me ter dado uma prenda de anos, porque ao fim e ao cabo eu sou uma pessoa espectacular ou porque o Natal é época de ajudar os pobrezinhos- é só pedir o NIB. A malta agradece e depois manda o postalinho :)

25 novembro 2010

Neste momento:

Ler o texto em italiano --> tirar dúvidas sobre algumas palavras com
o dicionário italiano-espanhol --> compreender e organizar as ideias em português --> escrever o resumo em inglês.

Quando já só tiver um neurónio tenho de gritar "Uno"?

24 novembro 2010

Não sei se é possível

Ainda não consegui perceber se isto é a gozar ou não. Mas a verdade é que me estão a fazer estudar este artigo para a aula de 5ª feira:

"Head and neck injury risks in heavy metal: head bangers stuck between rock and a hard bass"
Declan Patton, research assistant, Andrew McIntosh, associate professor


« Objective: To investigate the risks of mild traumatic brain injury and neck injury associated with head banging, a popular dance form accompanying heavy metal music.

Participants: Head bangers.

Main outcome measures: Head Injury Criterion and Neck Injury Criterion were derived for head banging styles and both popular heavy metal songs and easy listening music controls.

Results: An average head banging song has a tempo of about 146 beats per minute, which is predicted to cause mild head injury when the range of motion is greater than 75°. At higher tempos and greater ranges of motion there is a risk of neck injury.

Conclusion: To minimise the risk of head and neck injury, head bangers should decrease their range of head and neck motion, head bang to slower tempo songs by replacing heavy metal with adult oriented rock, only head bang to every second beat, or use personal protective equipment.

(...)

Young people at heavy metal concerts often report being dazed and confused, possible symptoms of mild traumatic brain injury. (...) Though exposure to head banging is enormous, opportunities are present to control this risk—for example, encouraging bands such as AC/DC to play songs like “Moon River” as a substitute for “Highway to Hell”; public awareness campaigns with influential and youth focused musicians, such as Sir Cliff Richard; labelling of music packaging with anti-head banging warnings, like the strategies used with cigarettes; training; and personal protective equipment. »


É que já estou mesmo a ver uma data de metaleiros na fila da frente de um concerto de Slipknot, cada um com a sua protecção para a cabeça.

23 novembro 2010

Luta greco-romana

Porquê? Porque era um daqueles dias em que estava extremamente aborrecida em casa e a precisar de libertar energias. Qualquer criatura sã teria calçado os ténis e ido correr para o parque. Eu não encontrei nada melhor do que desafiar um dos meus espanhóis -criatura com mais 6 anos, 10 cms e muitos quilos em massa muscular do que eu- para uma luta.

Ele tem não sei quantos anos de prática de luta greco-romana. Eu? Anos de prática de batatada com o meu irmão.

Resultado final? Eu completamente imobilizada no chão, com um terceiro espanhol a tentar decidir se me faria o bigode com uma esferográfica azul ou uma preta, algumas dores nos membros superiores (12 horas depois) e um ataque de riso daqueles de provocar dores nos abdominais e de fazer escorrer lágrimas pela cara abaixo.

Desculpem, mas tinha mesmo de dizer isto

É maravilhoso perceber que, mesmo a 2000 kms de distância, há pessoas que vão sempre continuar a perceber-me a cada sílaba, cada gesto ou cada silêncio; pessoas que não me deixam sentir os 2000 kms de distância, que me fazem perceber que a dita cuja é meramente geográfica.

É também maravilhoso perceber que, mesmo 7 ou 8 anos depois da "paixão" inicial, há pessoas que nos continuam a surpreender, a orgulhar e a inspirar a sermos pessoas melhores a cada dia que passa.

E é ainda mais maravilhoso sentir que uma conversa de 3 minutos às 3h30 da manhã com uma pessoa a 10.000 kms de distância é o beijinho de boa noite mais aconchegante que já tive aqui.

Tenho muita, muita sorte em ter pessoas que me inspiram aos mais altos e diversos níveis, todos os dias e por mais longe que esteja. Pessoas que me amam incondicionalmente, que gozam com as minhas pequenas parvoíces que logo aceitam imediatamente, que me fazem querer ser uma pessoa melhor. Pessoas cuja presença na minha vida eu pura e simplesmente não questiono, seja em que (ou para que) momento for - pessoas que me fazem sentir acompanhada e aconchegada em coisas tão igualmente importantes como uma conversa sobre temas filosóficos, uma ida à praia ou o funeral do meu pai. Pessoas que me fazem pensar, ao ouvir o telefone tocar: "São 3h da manhã... mas para ti tenho sempre tempo".

São poucos -cada vez menos à medida que o tempo vai passando, claro- e estão cada vez melhores. Uma enorme vénia aos meus amigos, aqueles que merecem o 'bold' na coisa.


PS- Já li e reli isto 20 vezes e continuo a achar que não lhes faz jus, nem de perto nem de longe. Enfim, fica a tentativa possível através do pouco que conseguem transmitir as palavras.

22 novembro 2010

Ultimato #1

Acordarem-me aos berros e murros na minha porta a não sei que horas da madrugada para "saber se estava sozinho em casa" vai ter de acabar rapidamente.

Um dia vão começar a rolar cabeças cá em casa. Depois não digam que eu não avisei.

19 novembro 2010

Desculpem, deve ter havido um engano

Eu vim de Erasmus para Itália porque diziam que havia sol. Claro, a faculdade de Psicologia de Turim é supostamente a melhor da Europa na área das Neurociências, que até é o que eu quero fazer da vida, mas quem é que quer saber disso?

Prometeram-me sol! E são 17h05 e acabou de anoitecer. E dizem que para a semana vai começar a nevar.

Quero o meu dinheiro de volta.

Kinsey wannabe

Pá, a sério. Uma pessoa quer ir às aulas, até se esforça por aprender, e depois vai-se a ver e dá nisto.

Hoje levantei-me cedo, cheia de boas intenções e de vontade de fazer algo de útil desta vida. E cheguei à Aula Magna do Palazzo Nuovo a horas mais ou menos decentes, se bem que a aula já tinha começado.

Estranhei uma sala com capacidade para 430 pessoas estar quase cheia às 10h da manha de uma 6ª feira, realmente estranhei. Percebi logo que alguma coisa de muito estranho se devia estar a passar ali. E devia ter confiado nos meus instintos de estudante com muitos anos de experiência... Psicologia da Comunidade não é assim tão apelativo. Muito menos de repente e a meio do semestre.

E à medida que o italiano do homem que estava sentado em cima da secretária do professor se foi entranhando no meu cérebro (tanto quanto uma língua estrangeira se consegue entranhar num cérebro com 5 horas de sono em cima) fui-me lentamente apercebendo de que não era por acaso que era um homem e não a professora do costume a dar aquela aula hoje. E que não era por acaso que a sala estava cheia de estudantes sorridentes. Sim, estudantes sorridentes dentro de uma sala de aula, às 10h da manhã de uma 6ª feira.

E por fim o meu cérebro fez o clique final. "&%$£°#, esqueci-me que esta semana trocam os módulos, e portanto os horários."

E percebi.

"Isto não é Psicologia da Comunidade... Isto é uma aula de Psicologia do Comportamento Sexual."

E eu até sou uma pessoa tolerante, interessada e tudo o mais. Não faço parte (graças a deus) daquele grupo idiota de pessoas que aos 21 anos ainda se riem à socapa quando um professor diz "pénis" numa aula.
 Mas isto é demais até para a minha mente aberta. Ainda nem são 11h da manha e já levei com uma enxurrada de "lubrificação vaginal", "ânus", "líquido seminal", "excitação", "fazer deslizar a glande pelo pénis", "fases da relação sexual", "vaginismo", "carícias orientadas pela libido", "ejaculação precoce" e outros que tais.

Ainda tenho as tostas com queijo fresco à volta no estômago e ja aprendi que "o orgasmo feminino é uma contracção involuntária, arrítmica e precisa no tempo dos músculos da vagina" e que "as raparigas não devem confundir o orgasmo com o máximo de prazer que já tiveram - pode não ser o mesmo".

Caramba, isto não é psicologia do comportamento sexual - isto é educação sexual para miúdos de liceu, e daquela piorzinha.

Destaco só por último aquela frase que vai com toda a certeza martelar-me o cérebro até ao suicídio: "A maior parte das raparigas sente prazer, seja físico ou psicológico, ao sentir o pénis do seu companheiro a movimentar-se dentro da sua vagina".

Porra... Que bela maneira de acabar com a magia ainda antes da hora de almoço.

18 novembro 2010

O dia em que eu ia matando o Duarte (ou Um Susto do Caraças, que sempre soa mais a título de filme cómico)

Para mim era uma manhã como quase todas as outras em Lisboa: era demasiado cedo para estar na rua.
O Duarte ia apanhar um avião para a Alemanha e tinha-me pedido para o levar, a ele e ao Vicente, ao aeroporto. E eu, que sou demasiado boa pessoa (cof) e que tenho pouco que fazer, lá me apresentei à porta de sua casa às 8h30 da manhã, ainda com os olhos meio semi-cerrados.

O problema é que o Duarte tem uma 'Vespa' que não queria deixar à chuva e à mercê dos maganos lisboetas durante uma semana inteira. Mas, porque não tem garagem no seu prédio, ficou combinado que iríamos primeiro deixar a mota na garagem de uma amiga dele antes de rumarmos à Portela. Assim, o Duarte iria à frente na Vespa, e eu e o Vicente iríamos segui-lo no meu carro (que, já agora, não tem nada de meu. A não ser talvez a fenda no retrovisor esquerdo.)

Pois que às tantas chegámos ali ao Campo Grande, onde antes de passarmos o Bingo (ah, tiremos um momento para reflectir na bela instituição que é o Bingo do Campo Grande!) há um cruzamento que junta a rua-que-eu-não-sei-como-se-chama-mas-que-é-paralela-à-Segunda-Circular (onde íamos nós) com a outra-rua-que-eu-não-sei-como-se-chama-mas-que-contorna-o-Estádio-de-Alvalade-pela-esquerda-e-vai-em-direcção-ao-Campo-Grande.

Pronto, um pequeno recurso à tecnologia para fazer uma contextualização geográfica da situação:

 (eu e o Vicente somos a setinha amarela, o Duarte a azul, e os carros da rua à nossa direita a vermelha)

O nosso semáforo estava verde quando entrámos na rua, mas quando o Duarte se estava a aproximar do cruzamento passou a amarelo. O meu pensamento automático foi "ele está demasiado perto do semáforo para travar, ainda por cima o piso está molhado, ele vai passar o amarelo e eu também". E durante uns 2 segundos pareceu-me até que ele tinha acelerado - talvez por sugestão do meu inconsciente, não sei (com o choque do que se passou a seguir acabei por nunca discutir com ele os pormenores).

Mas ele travou. Talvez porque sabia que eu o estava a seguir e que não sabia o caminho para casa da sua amiga, provavelmente porque pensou que eu não ia ter tempo de passar também o amarelo, o Duarte travou a fundo mesmo em cima da linha do semáforo.

O que se passou a seguir pode ser considerado por alguns intervenção divina; para outros, foi uma sorte do caraças. Eu não sei. Para mim foi fruto de uma enorme injecção de adrenalina, que se traduziu numa maior e inesperada rapidez dos meus reflexos. Todos os factores estavam contra nós: era de manhã cedo, eu ainda não tinha tomado pequeno almoço nem tão-pouco bebido café, o piso estava molhado. Mas, mais do que tudo o resto, eu estava naquele momento dentro de um carro em movimento, em cuja rota de colisão se encontrava, a pouquíssima distância de mim e cada vez mais perto, um dos meus melhores amigos sentado em cima de uma Vespa, tão frágil perante o meu carro como o próprio animal que lhe dá nome perante um bisonte. O Duarte estava de costas, claro, e por isso sem qualquer noção do que estava nas minhas mãos e dependente desses dois segundos.

É impressionante como tudo pode mudar em dois segundos.

Um.

Dois.

Ainda hoje não sei como fiz aquilo. Se calhar foi mesmo intervenção divina - não por mim, que vou directa para o inferno sem passar na casa da partida, mas pelo Duarte, que é realmente uma boa pessoa e tem deus do seu lado (ou pelo menos trabalha para isso). Não sei como o fiz, mas naqueles dois segundos vi, para meu enorme horror, que o Duarte afinal tinha travado e que estava parado à minha frente. E apesar de irmos a uma velocidade perfeitamente normal, tive apenas o tempo e a capacidade de travar a fundo e de, ao aperceber-me no último segundo -com ainda mais horror- de que a distância era demasiado curta e de que iríamos chocar à mesma, virar o volante para a minha esquerda o suficiente para o meu farol direito ficar a três centímetros -literalmente três centímetros- da sua roda traseira.

Nesse momento o semáforo da rua à nossa direita ficou verde e os carros (aqueles da setinha azul lá de cima) avançaram em grande velocidade, como é habitual nesse cruzamento, em direcção ao Campo Grande.
Ou seja: se eu não tivesse tido atenção, presença de espírito, protecção divina ou seja lá o que for, tinha chocado contra a vespa do Duarte, ele tinha sido projectado para a frente, e provavelmente teria sido atropelado pelos carros que entretanto avançaram da nossa direita (que quase seguramente não teriam tido tempo de se aperceber da situação).


Não tenho com isto qualquer tipo de motivação moralista; não vou dizer para terem muito cuidado, para terem uma condução defensiva, ou para aprenderem com os meus erros. Não tenho moral nem idade para isso. Mas a verdade é que nunca estamos à espera de que estas merdas nos aconteçam. Achamos sempre que somos mais fortes, mais capazes, mais inteligentes do que os outros que fazem asneira. Passamos por eles e se for preciso rimos arrogantemente das suas inferioridades. Mas, no final do dia, somos todos pequenas criaturas a quem podem tirar o tapete de debaixo dos pés, quase sem que nos demos conta do como nem do porquê.

Um.

Dois.

É quanto basta.

Pois que hoje ao almoço foi assim:

[favor ler com o sotaque espanhol possível]

" - Está sol!
- Pois é! Até apetece ir à praia! Tenho saudades de ver o mar...
- Génova tem mar. E fica a 2 horas e 9€ de distância.
- Podíamos ir ver o mar...
- Hoje?
- Não, tipo agora.
- Hmm... Siga."


E assim foi.

Não há nada como acabar o dia num sítio completamente diferente daquele onde acordámos, sem que nada seja planeado com mais do que 15 minutos de antecedência.

Adoro Erasmus.

14 novembro 2010

A música mais bonita de sempre



Ele passou por mim e sorriu,
e a chuva parou de cair,
o meu bairro feio torna-se perfeito,
e um monte de entulho jardim.

O charco inquinado voltou a ser lago,
e o peixe ao contrário virou.
Do esgoto empestado saiu perfumando,
um rio de nenúfares em flor.

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva grossa que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar por favor!

No metro enlatado os corpos apertados,
suspiram o ver-me entrar.
Sem pressas que há tempo,
'tá gasto o momento,
e tudo mais pode esperar.

O puto do cão com seu acordeão,
põe toda a gente a dançar,
e baila o ladrão,
com o polícia p'la mão,
esvoaçam confetis no ar!

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva grossa que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar por favor!

Há portas abertas e ruas cobertas,
e enfeites de festas sem fim,
e por todo o lado é ouvido e dançado,
o fado é cantado a rir.

E aqueles que vejo que abraço que beijo,
falam já meio a sonhar,
se o mundo deu nisto e bastou um sorriso,
o que será se ele me falar?

12 novembro 2010

Buenos dias Matosinhos!

Esta criatura é a razão pela qual eu pura e simplesmente não consigo dizer 'Bom dia' aos espanhóis na sua língua materna. Não sei, vou para dizer e avario, parto-me a rir para dentro, sai sempre antes um "Hmmpff... Hmm... Bongiorno!"

Porquê? Pois... Por isto.



Download:
FLVMP43GP

11 novembro 2010

E pluribus unum

Acabei de fazer uma pesquisa de imagens no Google com as palavras-chave 'símbolo de Lisboa'.

Apareceram-me mais imagens do símbolo do Benfica do que do símbolo de Lisboa.

Nada a acrescentar.
Acabei de fazer uma chamada de um telefone português que está em Itália para um telefone espanhol que se encontra na Polónia.

Uffff!, os senhores das telecomunicações devem estar um bocado tontos com tanta volta.

10 novembro 2010

Pequeno esclarecimento à navegação

Tenho recebido alguns e-mails/comentários em que os remetentes se revelam preocupados com o meu bem-estar psicológico em terras de Berlusconi. Que é como quem diz: há várias pessoas que concluíram, através do que escrevo aqui, que estou mais mal do que bem. Pois passo a explicar:

Eu estou ÓPTIMA. Não, não estou a fazer-me de forte mas secretamente a chorar por dentro. Estou mesmo bem. Como podia não estar? Senão vejamos:

. Estou desde o primeiro dia (vá, desde o segundo) integrada num grupo de Erasmus completamente louco de tão diverso, mas sem o qual eu já não podia passar e que é a minha família aqui;

. Vivo no que é talvez o equivalente (em termos de população e de comércio) à Almirante Reis em Lisboa, mas a 20 minutos de tram do centro. Claro que isso tem as suas desvantagens (do género ter demasiadas desculpas para não ir às aulas de manhã) mas pelo menos pago menos renda do que em qualquer outra casa que tenha visto, e vivo com três espanhóis que não podiam ser mais fofinhos - o que se reflecte no ambiente cá de casa, que já agora também não podia ser melhor;

. Estou a viver sozinha e a tratar das minhas coisas pela primeira vez na minha vida (pelos menos em full-time). Cozinho o que quero e quando quero, durmo quando e onde quero, faço o que me apetece sem ter de dar satisfações a ninguém a não ser a minha consciência. (Sim, mãe, a minha consciência manda-me fazer pelo menos algumas cadeiras, não te preocupes!) ;

. Estou mais magra sem fazer qualquer tipo de esforço; pareço aquelas mulheres que passam três anos a tentar engravidar, e que quando finalmente param de tentar de repente dão por elas a ter de comprar roupinhas de bebé. (Desconfio que os 5 andares sem elevador ajudaram neste campo.)


Claro que há momentos maus. Claro que há dias em que não quero sair da cama a não ser para apanhar um avião para Lisboa, ver o Tejo, beber uma Sagres e deitar-me no colo das minhas pessoas. Mas toda a gente tem dias assim, faz parte de ser Erasmus e chama-se saudades. (E é saudável e tudo, segundo os manuais de Psicologia que eu devia estar a estudar em vez de estar aqui a escrever.)

Mas o melhor de tudo é que esses momentos passam num instante... Porque aqui também tenho pessoas que começam a ser minhas. Porque esta é a cidade onde nasceu o chocolate. Porque todos os dias descubro algo novo. Porque o centro histórico me faz sorrir. Porque há sempre uma festa, um jantar ou um convívio onde ir, um filme para ver (seguramente dobrado numa qualquer língua esquisita que não o português), uma troca de ideias para fazer, uma lição de português para dar, uma lição de italiano para receber, histórias para contar ou viagens para combinar.

Porque há sempre, sempre alguma coisa que fazer aqui. Nem que seja não fazer nada... Só porque se pode.

Só porque se é ERASMUS.

"Gioco di Squadra", é como se chama a obra

Acho que há um limite para o número de palavras italianas que uma pessoa não-italiana consegue ler por dia.

E acho que hoje atingi esse limite.

Alguém me pode explicar porque raio é que a maionese aqui parece pasta de dentes?

08 novembro 2010

Caras 750g de prazer (adquiridas hoje pela primeira vez na vida):

Comprometo-me aqui, diante de toda a blogosfera e das 4 pessoas que (ainda) lêem este blog, a não vos acabar antes de voltar para Lisboa em Dezembro.

Mas entretanto, nas frias e chuvosas noites/tardes/manhãs de inverno turinense, acho que ainda vamos ser muito felizes juntas.

La Scala

Pensar que nesta sala estrearam algumas das obras mais importantes da história da música deixa-me sem palavras.


E pensar que ontem estive lá dentro deixa-me sem ar.

05 novembro 2010

Pronto, nunca mais digo mal dos espanhóis...

...que eles, sem eu ter de pedir nada, trazem-me à cama copos de leite quente com mel às 5h30 da manhã, quando eu não consigo parar de tossir.

03 novembro 2010

Nem bom vento... Como é que era?

Perguntei ao meu mais recente coleguinha de casa se gostava de futebol, e respondeu-me o seguinte: “Gosto. (…) Mas não vi a final do mundial, tinha coisas para fazer. Nem fui festejar para a rua.” 

Perguntam vocês: que raio de espécime é este, que não vê a final de um Campeonato Mundial de uma modalidade de que afirma gostar, quando ainda por cima é o título da sua selecção que está em jogo?

E eu vos respondo: o mesmo espécime que afirma não ter dado a Batalha de Aljubarrota nas aulas de História. E que faz ainda questão de deixar claro que não se ouve falar de Portugal no seu país. Que Portugal para os espanhóis pura e simplesmente não existe. Que em Espanha não se sabe quem é o Presidente da República Portuguesa, nem tão-pouco o que é o Fado.

Que só se fala de Portugal quando há incêndios perto da fronteira, e quando há uma nova aparição do EMPLASTRO.

Hmpf. Espanhóis de um *?&%$#@.

02 novembro 2010

Eleições

Uma pessoa está no estrangeiro, quer participar nas próximas eleições para ver se ajuda (nem que seja um bocadinho) a que esse país saia da miséria, e a burocracia é tanta que quase se perde a vontade.